quarta-feira, 16 de setembro de 2015

A vivência entre as Cantadeiras do Souza e Déa Trancoso

Foto: Leonil Junior
Por Ana Ferrareze

Raimunda nunca desafina. Ela faz a terceira voz das Cantadeiras do Souza, grupo também formado por suas irmãs Marly, Marlene e Djanira, sua filha Elisabeth e a cunhada, Ercy, em Souza, distrito de Jequitibá. Com 83 anos, diz que a memória anda falhando, mas prova o contrário todo tempo. São muitas ladainhas, cantigas de roda, novenas, pastoris e outros gêneros entoados pelas seis mulheres, que desde crianças já acompanhavam o pai, o falecido mestre Seu Juvercino Gonçalves dos Santos, nas procissões e em outras tradições do catolicismo popular. “Antigamente, toda festa tinha roda, cantoria. Era a oportunidade de cantar, dançar e segurar na mão dos rapazes”, relembra Dona Raimunda. “É, menina, antes não podia namorar que nem hoje, não”. Ela mesma só foi pegar na mão de seu grande amor, Jaime Souza Carvalho, pouco antes do casamento. Lembra dele com saudade. “Era homem trabalhador, honesto, marido bom demais. Mas Deus levou faz treze anos, fazer o quê, né? Todo mundo fala pra eu arrumar um namorado, mas só se for igual a ele. Não vou achar, não".

As seis cantadeiras nunca fizeram aula de canto. Apresentam timbres e afinações sofisticados, uma impressionante harmonização de vozes. No Folclorata, quem teve a honra de realizar a vivência com elas foi a cantora mineira Déa Trancoso. “As vozes são tão orgânicas que parece que elas frequentam a escola de canto há 200 anos”, se impressiona Déa. “A Raimunda tem uma voz raríssima, é a mais sofisticada das seis”. A cantora conta um episódio que presenciou e a marcou durante a experiência. Em uma entrevista para a televisão, Dona Raimunda foi cantar e colocou a mão no diafragma. “Ela fez isso para não desafinar, para buscar o agudo da voz e segurar a nota”, diz. “Elas não dão nome às técnicas, mas sabem. O ofício de cantar é uma sapiência delas. Têm consciência de coisas que levei anos para assimilar”.

As Cantadeiras do Souza oficializaram o grupo em 1992, quando conheceram o cantador-pesquisador da cultura popular brasileira, Eliezer Teixeira. Seu Juvercino acompanhou as seis até o fim da vida. Aos 97 anos, viajou a São Paulo para se apresentar com elas em um show, junto com o grupo A Barca, outro grande parceiro. “Meu pai cantou na Folia até no mês em que morreu, aos 99 anos”, conta Dona Raimunda. “Então a senhora tem muitos anos de cantoria pela frente, hein?”, constato. “De dançar e de ir em festa eu não canso. E não gosto de ficar parada: bordo, faço tricô, crochê, doce de leite. Racho lenha, faço palheiro, lavo roupa”, ouço como resposta. Com um abraço, eu e Dona Raimunda encerramos a prosa e ela me garante: vai chegar aos 120 anos cantando. Sem desafinar.

As trocas no Folclorata

Foto: Leonil Junior
Foto: Leonil Junior
Sobre a experiência da vivência com as Cantadeiras do Souza, Déa Trancoso tem muito a dizer. Mas principalmente a sentir. Cantora e compositora, mostra influências muito fortes de violeiros, foliões e congadeiros do Vale do Jequitinhonha, onde nasceu e cresceu, filha de seresteiros. Sua voz transporta qualquer um ao sertão, faz conhecer a cultura popular brasileira por meio de ritmos como samba de caboclo e de roda, maracatu, congo dobrado, coco e catimbó. A rotina com a família de Souza a trouxe de volta a esse sertão, à simplicidade do dia a dia, às noites de cantoria. Impressionou-se com Jequitibá, tão perto de Belo Horizonte, mas tão distinta da capital. “Aqui o povo é plantado na terra. Tentei trazer a elas um pouco de metafísica, com exercícios que as fizeram imaginar a Terra como um ioiô, lembrar que estamos suspensos no ar”, conta Déa. “E também quis mostrar como o abraço, o afeto, que é tão cotidiano para elas, é cura, tem poder. Elas podem se valer muito disso”.

Na apresentação que fizeram juntas no sábado, 12 de setembro, Déa propôs dispensarem os microfones e o palco, mesmo com o barulho do público. Cantaram unidas, com palmas, expressão corporal e usando a potência das vozes em coro. “Com essa vivência do Folclorata aprendi a usar vozes às quais não costumo recorrer. Que não são nada fáceis. Meu ouvido ficou pegado por essa riqueza que as cantadeiras apresentam”.

O encerramento ficou por conta de Marly, que fez questão de apresentar As Pastorinhas no palco para fechar o show. “Por isso o Vozes de Mestres é raro”, declara Déa. “Ele cria plataformas para que tudo aconteça com mais profundidade, permite que os mestres se mostrem mais. Porque tem muita coisa acontecendo no espaço interno, que muitos projetos parecidos não conseguem alcançar. Escolhendo o desfecho, Marly revisitou seus desejos, deu espaço a eles”.

domingo, 13 de setembro de 2015

As flores de Iraci

Foto: Magali Colonetti
Por Ana Ferrareze

Iraci Leal Pereira de Oliveira faz muitas coisas nesta vida, mas sua grande paixão é ser Pastorinha. Filha de Mestre Zé Limão, é a floreira da apresentação. Não podia ser diferente. Iraci demonstra tanta paz de espírito que parece estar o tempo inteiro espalhando flores por aí. “Tá no sangue, né? Nasci e cresci vendo meu pai cantar e tocar. Minha mãe também canta. É de berço”, diz. Entre uma prosa e outra, pede para nos contar sobre as Pastorinhas. Fala sobre a estrela, os três pastores, a contra-mestra, a jardineira, a rica-floreira, a libertina, a borboleta e as duas ciganas, cantando um pouco dos versos que cada uma entoa durante as apresentações. O sorriso fica ainda maior quando chega em sua parte. A voz fica mais forte e parece que é Natal. Que estamos em frente a uma casa no distrito de Lagoa Trindade, junto ao presépio, renovando as esperanças para o ano que logo se anuncia.

As Pastorinhas começam a se apresentar na noite de 24 para 25 de dezembro e vão até o dia 6 de janeiro. Passam pelas casas da comunidade encenando o nascimento do menino Jesus com coral afinado e tocadores de tambor, pandeiro, cavaquinho, viola. Mesmo com tanta magia, a tradição fica alguns anos sem sair por falta de coro. “Quando a gente ama, tem paixão, permanece. Mas não é todo mundo que sente isso”, diz Iraci. “Mesmo assim, não importa se deixamos passar algum ano, a gente volta sempre”. Vida longa às Pastorinhas!


sábado, 12 de setembro de 2015

Quando o povo se une as coisas dão certo



Foto: Leonil Junior

Por Ana Ferrareze

“Quando o povo se une as coisas dão certo”. Este é o lema do Meninas de Sinhá, que se apresentou na noite de sexta-feira, 11 de setembro, no Folclorata 2015. Abraçadas, as 16 integrantes que vieram a Jequitibá bradam a frase três vezes, com força, mostrando sua união antes de subir ao palco. Quem a disse primeiro foi Dona Valdete Cordeiro, líder que fundou o grupo em 1989 e desde então mudou radicalmente a vida de dezenas de mulheres. Ela morreu no ano passado, deixando, além de muita saudade, inspiração para suas meninas e todas as outras que vivem neste Brasil patriarcal. 
 
As mulheres do grupo têm entre 54 e 95 anos. Todas as 23 moram no bairro Alto Vera Cruz, periferia de Belo Horizonte. Foi lá mesmo que tudo começou. Dona Valdete passava todos os dias em frente ao posto de saúde e se assombrava com a quantidade de remédios que as senhoras levavam na sacola para tomar. Teve a certeza de que aquilo não era certo: era coisa de cabeça, não necessidade. Juntou algumas delas para um bate-papo e fundou o, na época, Lar Feliz. “Logo mudamos o nome, já que este não tinha mais nada a ver com as mulheres que nos tornamos. Estávamos cansadas de trabalhar em casa, de ficar sem tempo para nos arrumar, nos divertir”, relembra Ephigênia Lopes, de 75 anos, a compositora do grupo. O Meninas de Sinhá tirou a maioria de suas integrantes do, como elas mesmas dizem, fundo do poço. “Sabe, eu não vivia, eu vegetava”, conta Maria Geraldina di Paula, de 76 anos. “Não gostava de sair de casa, de conversar com as pessoas. Mudei da água para o vinho”.

O grande objetivo do grupo é trabalhar a autoestima das mulheres, mostrando a elas e ao mundo seu enorme potencial, força e beleza. Desde o ano passado, mais um foi levado ao topo: não deixar o sonho de Dona Valdete morrer. Quando falam da líder, os olhos brilham. Ephigênia foi sua amiga de infância e acompanhou toda sua trajetória em prol da comunidade. Era ela quem ia atrás de políticos para resolver os problemas da região. No início, contratou professores para ensinar as Meninas a tocar os instrumentos. Algumas já sabiam e só aprimoraram a arte. Outras se descobriram na música.

Ephigênia Lopes (Foto: Leonil Junior)

Dorvalina Maria de Oliveira (Foto: Leonil Junior)
No show, elas sobem ao palco irradiando charme, com longas saias floridas, flor no cabelo e batom nos lábios. Com viola, pandeiro, zabumba, xequerê e sanfona, cantam e dançam antigas cantigas de roda e cirandas, releituras populares e letras de autoria de Ephigênia. Ela, inclusive, acabou de gravar seu primeiro CD, Viola Antiga, com samba, bolero, gafieira. “Desde que fundamos o grupo tenho inspiração demais pra escrever”, conta. “E abordo temas que envolvem a história do Brasil, o negro, a alegria de viver”. 

No meio do show de sexta-feira, Dorvalina Maria de Oliveira não se aguenta, pega o microfone e desabafa: “Antes eu tomava medicamento para dormir, para tudo. Em seis meses no grupo, ganhei alta do psicólogo. Andava despenteada, mas olha agora. Tô tão bonita, né, gente?”. E avisa: quem tem mãe mais “madurinha”, como elas, leve para cantar e dançar. “Vale mais que remédio”.


Priscila Magella canta o Velho Chico

Foto: Leonil Junior
Por Ana Ferrareze 

Chora meu rio, chora. Chora minha alma, chora. Chora que eu já vou embora. Só vim aqui me despedir de mim. Canoeiro foi embora, vaporzeiro aposentou. Nestas lindas águas finas, o que resta é meu amor. Quem dera se todo mundo chorasse na beira d’água pra render mais um cadinho. E Oxum lá se banhasse e adocicasse cada lágrima pra caboclo banhar.

Priscila Magella tem uma relação de alma com o rio São Francisco. Nascida em Pirapora, ao norte de Minas Gerais, passou a maior parte da vida na companhia das águas que nascem na Serra da Canastra e passam por cinco estados brasileiros, desaguando no Oceano Atlântico, entre Sergipe e Alagoas. Na música Lamento ao Velho Chico, ela escracha um sentimento que inunda o coração. “Eu me sinto a voz do rio, sua representante”, diz. A cantora e compositora participou ativamente da luta contra a transposição do rio, em 2008, em Cabrobó, Pernambuco. E sente doído o Velho Chico indo embora aos poucos, por conta dos problemas ambientais que sofre, como desmatamento e poluição. “Vemos o mar invadindo o Chico, mas não há dor, ele quer ir embora. A gente comia, bebia, vivia nosso amor com o rio e para ele, conversávamos. É preciso entender esse sentimento, saber que antes era isso. Não queria que ele morresse jamais”, desabafa Priscila.

Foi mesmo o rio que ajudou Priscila a começar a cantar. Sem dinheiro para pagar aulas de canto, usava suas águas para afinar as cordas vocais, mexendo as mãos, percebendo seu barulho. A inspiração também veio de sua mãe, que sempre cantou muito em casa, e de seu tio Magela, o grande ídolo. Ele foi um dos maiores representantes da música barranqueira, que canta o cotidiano e sutilezas das comunidades ribeirinhas, estilo que Priscila também adotou, já que é “tudo o que sei, o que aprendi desde o começo”. O tio morreu quando ela tinha apenas seis anos, mas a conexão entre os dois permaneceu. Ele está vivo nas canções da mineira e em suas histórias, que sempre o citam. E também na luta pela música barranqueira, que resiste forte para continuar ecoando.

As composições e a voz de Priscila podem ser ouvidas no CD A Barranqueira, lançado em 2012, com 13 músicas de autoria própria, de Magela e de compositores como Pepeh Paraguassu e Paulo Vieira.

Priscila Magella e Mestre Zé Limão (Foto: Leonil Junior)
No Folclorata, ela faz a vivência com o Mestre Zé Limão, da Folia de Santos Reis de Doutor Campolina, do povoado Lagoa Trindade. “Minha infância foi na terra vermelha, como aqui. Vir aqui e conhecer a família de Seu Zé abriu um leque muito grande sobre cultura popular. Sem dúvidas, é uma das maiores experiências da minha vida. Estamos trocando, vivendo e convivendo”, declara. Sem dúvida ouviremos falar muito de Priscila Magella e de sua música barranqueira cantando o Velho Chico.

Ouça a música Lamento ao Velho Chico aqui.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

A Folia de Zé Limão

Foto: Leonil Junior
A grande riqueza da 1ª Folclorata, que acontece paralelamente à 27ª edição do Festival de Folclore de Jequitibá, é o raro intercâmbio que realiza entre artistas que lutam para manter a cultura tradicional brasileira viva. A vivência já está acontecendo com cinco grupos, que começaram a se encontrar nesta quarta-feira, 9 de setembro, em Jequitibá, Minas Gerais. Um deles é entre o Mestre Zé Limão, da Folia de Santos Reis de Doutor Campolina, do povoado Lagoa Trindade, e a cantora mineira Priscila Magela, de Pirapora. No primeiro dia, Priscila já avisou: “Se prepare, Seu Zé, que vou seguir o senhor. Vou contar até quanto tempo fica no banheiro, pra logo voltarmos a ensaiar e não perdermos um segundo”.

Zé Limão é uma grande personalidade da Folia. Aos 81 anos, desde criança leva jeito pra coisa. Homem de prosa fácil e pulso firme, nasceu José Leal Pereira em 27 de setembro de 1934. O Limão ganhou depois, de seu pai, o grande João Limão, que já o carregava e de quem seguiu os passos na tradição. Foi ele quem fundou a Folia de Reis em Lagoa Trindade, em 1949, mas a herança vem de muitas gerações anteriores.

Antes de conhecer Seu Zé, Priscila estava receosa. “Diziam que o Limão era porque ele era bravo, difícil. Vim preparada. Mas encontrei uma pessoa tão doce, de azedo não tem nada, não”, conta. “Já tenho um neto limãozinho”, diz Seu Zé. “O negócio agora é ver se ele leva jeito pra folia. Tô vendo se animo algum deles pra ficar no meu lugar, a ter coragem pra liderar”. Enquanto não enxerga o futuro Mestre Limão, escreve em dois cadernos sua história e os segredos da Folia de Reis e do Congo, do qual foi capitão até dois anos atrás. “De meus 11 filhos, que agora são 10, tive quatro homens. Nenhum seguiu. A esperança são os netos se interessarem. Tô cismado de não ficar nenhum. Por isso comecei a escrever”. Caso algum neto um dia pegue gosto pelas tradições e Seu Zé já tiver partido desta vida, terá as orientações anotadas pelo avô para guiá-lo.

A Folia de Santos Reis de Doutor Campolina apresenta suas toadas todo fim e começo de ano, de 25 de dezembro a 6 de janeiro, na época de Natal. As casas do povoado montam presépios e recebem a visita da folia, que enche os lares com seu ritmo e batida cadenciados, em uma espécie de encenação. O clima é de festa e celebração ao nascimento e renascimento do menino Jesus, que traz esperanças ao povo. Três reis magos fardados cantam e dançam, seguidos por batedores de caixa, um porta-bandeira e cantadores, todos homens.

“Folia é alegria. É festa, é Natal, é aniversário de Jesus. Se comemoramos o meu, o seu, por que não da pessoa mais especial que já existiu no mundo?”, indaga Seu Zé. Há vezes em que chegam nas casas e os anfitriões estão em luto e pedem para cantarem em homenagem ao parente falecido. Quando é assim, respeitam e diminuem o ritmo e apresentam as toadas sem dançar, como homenagem.


Foto: Magali Colonetti

Irmandade na Folia

Seu Zé Limão ainda não sabe quem irá substituí-lo na liderança da Folia, mas conhece muito bem quem o acompanha desde menino: Mestre Geraldo é seu irmão e grande parceiro. “Éramos em quatro irmãos. Um morreu com 21, outro com 60 e poucos. E desde pequenos eu e Geraldo estamos juntos, trabalhando na roça, pescando, na Folia. Nunca largamos um do outro”, relembra. Seu Zé Limão e Seu Geraldo lideram o grupo juntos: o primeiro na viola e o segundo no acordeom. Com olhares e notas se entendem na toada, seguindo um ao outro com os olhos e o coração, com uma naturalidade bonita de ver, de quem faz isso a vida toda. Os irmãos se completam.

“A Folia mais bonita é a nossa, ela é a original mesmo”, se orgulha Seu Geraldo. Aos 8 anos, ele já tocava viola e fundou a Folia dos Meninos em Lagoa Trindade. Ficou até os 14 anos, para depois passar ao grupo dos adultos. Seu Zé Limão já estava lá, é 10 anos mais velho do que o irmão. O talento está no sangue e se fixou nos dois, mostrando-se em todos os momentos da vida. Seu Geraldo relembra com nostalgia da época em que trabalhavam na lavoura e todos faziam festa durante a colheita. “A gente cantava bonito, debaixo da chuva, com o chapelão de palha na cabeça para proteger”, fala. “Agora, tem trator que faz o trabalho de 20 pessoas e não existe mais isso”. Preocupado também com o futuro da Folia de Reis, tem como grande orgulho o filho Henrique, que seguiu os passos artísticos do pai e forma a dupla Armando Lopes e Henrique. “Mas em época de folia ele cancela todos os shows e vem pra cá para nos acompanhar. Folia é família”.

Humildade e respeito

– Seu Zé, nunca fiz aula de canto.

– Eu também não, Priscila. Como é que chama isso?

– Autodidata.

Mestre e autodidata, nenhum título ou conquista faz com que Seu Zé perca a humildade. Ela está entre um causo e outro, nas histórias de santos que conta de hora em hora, mostrando sua fé forte, e em suas atitudes. “Olha, a gente não pode achar que sabe mais do que os outros. Eu sempre acho que os outros sabem mais do que eu. Assim, sempre estou aprendendo”, ensina. “Sou uma pessoa muito simples. Quem fica famoso começa a ficar meio estranho. A cada dia que passa eu quero aprender mais e vai ser assim até o fim. Vou aprender até a morrer”, brinca, com a alegria da folia que não deixa de lado.

Seu Zé Limão e Seu Geraldo mostram que é preciso viver com respeito à tradição, à família, a Deus, “Aquele que tudo criou e por ninguém foi criado”. Tudo isso com a alegria de quem agradece por viver cada dia, por conseguir compartilhar com os outros a Folia de Reis. A alegria também é de quem tem a experiência de aprender tanto com um mestre como ele. Por quem se deixa contagiar. No domingo, 13 de setembro, vai ser quase Natal em Jequitibá. E quem tiver a sorte de estar presente poderá vivenciar a magia das toadas da folia e a esperança trazida por elas.