domingo, 13 de setembro de 2015

As flores de Iraci

Foto: Magali Colonetti
Por Ana Ferrareze

Iraci Leal Pereira de Oliveira faz muitas coisas nesta vida, mas sua grande paixão é ser Pastorinha. Filha de Mestre Zé Limão, é a floreira da apresentação. Não podia ser diferente. Iraci demonstra tanta paz de espírito que parece estar o tempo inteiro espalhando flores por aí. “Tá no sangue, né? Nasci e cresci vendo meu pai cantar e tocar. Minha mãe também canta. É de berço”, diz. Entre uma prosa e outra, pede para nos contar sobre as Pastorinhas. Fala sobre a estrela, os três pastores, a contra-mestra, a jardineira, a rica-floreira, a libertina, a borboleta e as duas ciganas, cantando um pouco dos versos que cada uma entoa durante as apresentações. O sorriso fica ainda maior quando chega em sua parte. A voz fica mais forte e parece que é Natal. Que estamos em frente a uma casa no distrito de Lagoa Trindade, junto ao presépio, renovando as esperanças para o ano que logo se anuncia.

As Pastorinhas começam a se apresentar na noite de 24 para 25 de dezembro e vão até o dia 6 de janeiro. Passam pelas casas da comunidade encenando o nascimento do menino Jesus com coral afinado e tocadores de tambor, pandeiro, cavaquinho, viola. Mesmo com tanta magia, a tradição fica alguns anos sem sair por falta de coro. “Quando a gente ama, tem paixão, permanece. Mas não é todo mundo que sente isso”, diz Iraci. “Mesmo assim, não importa se deixamos passar algum ano, a gente volta sempre”. Vida longa às Pastorinhas!


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